domingo, 4 de agosto de 2013

O líder e o chefe - parte 2: na sala de aula

Dando continuidade ao assunto do post anterior, farei aqui uma reflexão utilizando as metáforas líder e chefe na sala de aula, especificamente com a figura do professor. Acho que podemos pensar no professor-chefe e no professor-líder. No entanto, é importante alertar que tais pensamentos de forma alguma abstraem as condições de trabalho do docente, especialmente daqueles que atuam na educação básica em nossa escolas públicas. Salários decentes, edifícios limpos e asseados, boas relações de trabalho tendem a melhorar a atuação do professor. No entanto, sob quaisquer condições, julgo que é possível falar em professor-chefe e professor-líder.

Sou daqueles professores que podem ser considerados (ou taxados de) antiquados. Eu sempre falo em sala de aula que minha "cabeça" é uma mistura de Aristóteles, Tomás de Aquino, Descartes, Marx, Freud e Sartre, dentre outros, ou seja, uma miscelânea, mas, admito, uma mistura de alto estilo (kkk). Sempre digo, também, que, por consequência, minha atuação docente tem um fundamento escolástico muito forte, pois ainda acredito que cabe ao professor ensinar um determinado conteúdo que seja formativo para os seus alunos, e ensinar da melhor forma possível. Escrevo aqui pensando na relação ensino-aprendizagem que se estabelece no ensino presencial, pois na modalidade a distância outros atores são envolvidos. Bem, quanto às metáforas, eu acredito que dos vários tipos de professores dois se destacam com relação à sua autoridade em sala de aula. Vamos a eles...

O professor-chefe é aquele que é muito zeloso de sua autoridade; aquele não admite questionamentos por parte dos alunos; considera os alunos geralmente irresponsáveis e relapsos; controla demasiadamente as atitudes dos alunos; chega a ser desrespeitoso com os alunos com atitudes de imposição de sua autoridade. Enfim, para o professor-chefe os alunos chegam a representar uma espécie de perigo para sua autoridade, por isso, o diálogo e as discussões abertas são desestimulados em sala de aula. O professor-chefe, quando orientador, tende a tratar os seus orientandos como discípulos que, de maneira alguma, poderão obter plena autonomia; nessa situação é como a galinha que gosta de ter os pintinhos sempre sob suas asas.

O professor-líder, por sua vez, adquire uma auto-confiança e uma auto-estima em seu trabalho que não usa da sua autoridade em sala de aula para adquirir respeito dos seus alunos. Ele estimula sempre o diálogo e não teme questionamentos e críticas de sua atuação docente; não teme ser avaliado pelos alunos, porque os considera capazes de o fazer e procura melhorar sua atuação com os seus resultados. Ele procura criar um clima amistoso (no que depende dele, é claro) de respeito mútuo em sala de aula, pois considera tal clima fundamental para que a relação ensino-aprendizagem aconteça da melhor forma possível. O professor-líder, quando orientador, procura estimular a autonomia dos seus orientandos, não os tratando como discípulos, mas como alunos em formação, os quais podem buscar outros professores e outras teorias que com eles contribuam. A melhor coisa para esse tipo de professor é ver seus alunos e orientandos ganhando asas próprias e alçarem altos vôos.

Ser professor, como já expressei aqui no blog, não é questão de vocação, mas sim, de profissão. Como em qualquer outra em que se lida com a formação de pessoas, o professor tem uma responsabilidade muito grande, mas não somente com o conteúdo em si, mas com a formação humana em geral. Nesse sentido, ser exemplo de um profissional dedicado e respeitoso já é positivamente formativo. E, para finalizar, lembro de uma coisa que uma amiga me falou um dia: assim como há pais que subestimam a inteligência dos filhos, existem professores que subestimam a perspicácia dos alunos. Sejamos de um ou de outro tipo (ou de algum outro ainda: relapso; desleixado; autoritário etc.) é bom não esquecermos que os nossos alunos nos avaliam constantemente e nos levam para vida, como bons ou maus exemplos.