segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O @ que incomoda



O símbolo "@" acabou servindo, ultimamente, para unir o masculino e o feminino numa mesma palavra, ou seja, ao invés de escrever "caros amigos" e/ou "caras amigas", se escreve "car@s amig@s". Tal uso surgiu, ao que tudo indica, das discussões de gênero que se fazem na atualidade, no sentido de valorizar mais o  feminino, pois defende-se que quando se escreve "amigos", "companheiros", se está impondo o gênero masculino a todos e, com isso, se está perpetuando o domínio machista na sociedade. Eu entendo e partilho, é claro, que hoje é necessário se questionar o domínio do sexo masculino na sociedade, que é preciso buscar a igualdade de gênero e tudo o mais. Para mim isto é um avanço social muito grande. No entanto, me incomoda, sinceramente, a criação arbitrária de novas formas de escrita que, na origem, nada tem a ver com seu significado etimológico.

Senão, vejamos:
1) o símbolo @, utilizado nos endereços de e-mail, vem do latim "ad", que significa "em", "para",  e que teria sido muito utilizado pelos monges copistas medievais. As duas letras teriam sido juntadas, para dar rapidez às glosas medievas, e virou "@". Na língua inglesa, o "ad" mudou para "at", que significa, aproximadamente, "o lugar em que algo ou alguém está", e que também passou por uma contração, ficando "@". Portanto, tem muita lógica o símbolo arroba nos endereços de e-mail, por exemplo, o meu nome no e-mail (costacelio) está hospedado no provedor Terra, que é uma empresa comercial e que está no Brasil, daí, costacelio@terra.com.br.
2) o Latim tem duas palavras para o nosso vocábulo homem: homo, no sentido de humano, de quem pertence à humanittas, ou seja, humanidade. Já a palavra latina para homem no sentido do gênero é vir, e para mulher é femina.

Faço estes apontamentos de cunho etimológico pois percebo que, infelizmente, parece haver um clima de constrangimento para com aqueles que, como eu, continuam insistindo no sentido etimológico de homo como de pertencimento à humanidade, independente se é vir ou femina. Quando me dirijo aos meus amigos, ou aos meus alunos, estou me referindo aos homens e mulheres, homo e heterossexuais, que são próximos a mim, ou dos quais sou professor; quando escrevo o homem do século XVI, estou me referindo aos seres humanos daquele período histórico. Enfim, parece que às vezes, no afã da militância, falta um pouco mais de conhecimento da riqueza da língua latina, da qual a nossa é descendente, e que não define o gênero quando se refere ao homo.

Apesar de entender que o uso do "@" quer indicar um contra-poder simbólico, ainda acho que é preferível se falar e escrever, por exemplo, "meus amigos e minhas amigas",  especialmente para aqueles que podem se sentir constrangidos, o que, por enquanto, não é meu caso. E, gostaria que as pessoas (amigos, colegas e outros) não me julgassem por não aderir ao "@", e que me tivessem por aquilo que sempre me esforço para ser: alguém com um sentido profundo de pertencimento à humanitas.




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

"Conhece-te a ti mesmo"

Tem vezes que é fácil
Outras bem difícil
Tem vezes que é quase transparente
Outras embaçado, nebuloso
Tem vezes que o sorriso aparece quase sem querer
Outras o choro é reprimido
Tem vezes que a superfície parece o fundo
Outras que o fundo está mais profundo
Tem vezes que o espaço parece amplo
Outras amplidão de labirinto
Tem vezes em que há o fluxo
Outras refluxo
Tem vezes que se é Prometeu
Outras Sísifo ou Narciso
Tem vezes em que se quer ser Aquiles
Outras "basta" Ulisses
Tem vezes em que se Vive!
Outras se vive...
Tem vezes em que se conhece
Outras se conhece ainda mais

Tem vezes que conhecer(se) é leve
Outras não!!!


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Volta às aulas...



Neste mês de fevereiro voltei às aulas na graduação e voltarei às aulas no mestrado e doutorado. É sempre um momento especial na minha vida profissional e pessoal, pois como me realizo pessoalmente na minha profissão, não há como separar as coisas. Sempre defendi, e já postei aqui no blog algumas reflexões (O líder e o chefe na sala de aula,   O professor, Santo Agostinho e a filosofia   e   Professor: profissão ou vocação?) sobre o que considero ser professor, e que tal função na sociedade é profissional e não vocacional. No entanto, se trata de uma profissão especial, e o início das aulas é a sua melhor expressão.

Todo início do ano letivo uma nova turma me chega, seja na graduação ou na pós. Nova turma representa novos alunos, novos rostos (alguns assustados, outros empolgados, outros apreensivos, outros desafiadores, alguns conhecidos, a maioria desconhecidos...), novas responsabilidades. Cada nova turma exige uma renovação de minha parte, por mais que boa parte dos conteúdos se repetem dos anos anteriores. Cada nova turma eu tenho que renovar meu compromisso com a profissão que escolhi, especialmente em se tratando de ser professor em uma universidade pública.

Em cada início de ano letivo retomo meu principal objetivo, que é me esforçar ao máximo para fazer a diferença na vida de meus futuros alunos. Sou responsável por conteúdos que julgo fundamentais para a formação profissional e humana das(os) futuras(os) pedagogas(os) e dos(as) futuros(as) pesquisadores(as) na área da Educação, e procuro relacionar tais conteúdos acadêmicos com a vida cotidiana de todos nós. Tudo é vida, tudo é vida que pulsa! Aprender novos conteúdos disciplinares é deixar-se provocar por eles, é percebê-los como fazendo parte da complexidade que é viver. É assim que procuro trabalhar: relacionar os conteúdos, muitas das vezes enfadonhos, com a vida, que pode ser tudo, menos enfadonha.

Cada início de ano me renovo na profissão que escolhi. Ensinar não é fácil. Fazer a diferença (com seriedade e sem demagogia) também não é fácil. Mas, poucas são as profissões que permitem (e exigem) isso. Acho que é exatamente por isso que me sinto renovado (apesar de cansado) a cada novo ano letivo. É uma espécie de minha particular Fonte da Juventude!!!

Agora, se estou conseguindo atingir meus objetivos, só meus ex-alunos poderão dizer...