domingo, 23 de dezembro de 2012

Natal e Ano Novo


Meus leitores, escrevo para desejar a todos vocês um Feliz Natal e um ótimo 2015!!

O Natal que comemoramos todo 25 de dezembro é uma festa cristã, mas cada vez mais as pessoas pensam menos no seu significado histórico cultural e mais no sentido comercial. Penso que para além da óbvia religiosidade que marca o natal, ele pode ser encarado como uma espécie de renovação, já que todo ano nós comemoramos esta data. Época de renovar esperanças religiosas para alguns, relembrando o nascimento de Jesus Cristo, época, para outros, de trocar presentes, incentivados pela figura do Papai Noel (figura, aliás, que a sociedade consumista agradece imensamente), o natal emociona a todos. Mas, como ia dizendo, acho que todos podemos ver esse dia especial como um momento de renovação daquilo que de melhor nós somos, e hora de compartilhar essa renovação com nossas famílias e amigos. Presentes são (ou deveriam ser) homenagens, agradecimentos aos outros por partilharem de nossa vida.

A passagem de ano, por sua vez, sempre me passa a impressão de que podemos mudar alguma coisa em nós. Mais do que renovação, é época de invenção, época de tentarmos ser melhores do que somos. Por isso é muito comum fazermos promessas de mudanças pessoais. Porém, mais do que isso, acho que é tempo de refletir sobre o que foi o ano que passou e o que poderá ser no que está começando. Por isso, a passagem de ano é de comemoração também. Sou da opinião (concordando com House) de que as pessoas não mudam o que são na sua essência, não mudam o que a personalidade delas as definem, mas podemos mudar algumas atitudes, alguns ideais, enfrentar algumas coisas. Podemos tentar projetar nossa vida de forma que ela valha mais a pena ser vivida.

Desta forma, a todos os meus leitores, família, amigos (velhos e novos), colegas, conhecidos, pessoas que passaram a fazer parte da minha vida neste ano, pessoas que, por algum motivo, se afastaram de mim este ano, pessoas que se tornaram mais íntimas, enfim, especialmente a todos aqueles que fizeram parte, mesmo que pequena, da minha vida neste 2014, desejo que tenham um ótimo Natal, com presentes, mas, especialmente, com presenças, e um 2015 repleto de saúde, trabalho, dinheiro, de bons projetos e com ótimas oportunidades de se tornarem ainda melhores.

E, para terminar, deixo a vocês um poema de Fernando Pessoa que ilustra o tão esperado período de férias (menos para meus orientados que vão passar as férias terminando seus trabalhos, é claro... kkkk):



LIBERDADE


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.



O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...



Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.



Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!



Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.



O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Fredi



Se a minha memória estiver em dia, conheci o Fredi Teles de Silva, nosso popular Fredão, em 1992. Coincidência ou não, ele nasceu em 1946, tinha 46 anos quando o conheci e hoje eu é que tenho 46 anos. O conheci em algum torneio de futebol que, prá variar, ele é que organizara. Dali em diante, o Fredão passou a fazer parte da minha vida, pois nos encontrávamos toda semana para nosso bate bola, depois a cervejinha e o bate-papo descontraído. Nós, os boleiros da UEM, brincávamos sempre com ele que o que para nós era divertimento para ele era profissão, pois o Fredi era professor de Futebol no curso de Educação Física da UEM.

Foi o idealizador do torneio de futebol Intercentros (hoje torneio Gentil José Vidotti, homenagem a outro baita companheiro que nos deixou há três anos e três meses atrás). Pela sua habilidade na organização dos campeonatos e pela sua busca de conciliação dos interesses e evitar os conflitos, pois para ele futebol sempre foi sinônimo de diversão e não de agressão, nós o chamamos (maldosamente, diga-se de passagem) de Caixa D’Água, em alusão a um dirigente do futebol carioca que sempre intevira nos resultados dos jogos. Para se ter uma ideia da habilidade que o Fredão tinha neste quesito, teve um torneio Intercentros, ocorrido talvez em 1998 (mas pode ter sido em outro ano) em que nós do CCH (Centro de Ciências Humanas) disputamos a final com o CCS (Centro de Ciências da Saúde), justamente o time em que o Fredi jogava. Depois de um empate no tempo normal (2x2 eu acho) o campeonato deveria ser decidido nos pênaltis, como sempre acontece. No entanto, o nosso Caixa D’Água foi aos times e disse para um que o outro time não queria a disputa por pênaltis, desencorajando a rivalidade e a competitividade extremas. O problema ocorreu depois, pois quando estávamos num churrasco de encerramento do torneio ficamos sabendo que, na verdade, os dois times queriam decidir pelos tiros livres na marca da cal, e ficamos sabendo que fomos todos enganados pelo Fredi. Rimos muito daquilo e sempre lembramos desse fato. Talvez ele sintetize um pouco do que foi nosso Fredão para todos nós: um amante do futebol, mas um amante maior dos amigos, os quais ele queria sempre vê-los unidos e se divertindo.

O Fredi ocupou distintos cargos na UEM. Terminou seu mestrado este ano e já se preparava para ingressar no doutorado, fato que emocionava a todos, pois depois de certa idade ele resolvera continuar sua qualificação na academia. Sempre envolvido em política, tendo sido vereador em Jandaia do Sul em sua mocidade, participamos de campanhas para reitoria da UEM no mesmo lado e em lados distintos. Mas, as diferenças políticas nunca se tornaram obstáculos para a convivência fraternal que sempre tivemos. E, nesse sentido, o campo de futebol, com as atividades lúdico-etílicas posteriores, sempre favoreceram o fato de que o que nos unia era nosso amor pela UEM e o carinho que sempre nutrimos um pelo outro.

Assim como o Gentil, o nosso Fredão morreu (dia 13/12, no final da tarde) fazendo aquilo que mais gostava, jogando bola. Nos deixou como um exemplo a ser seguido e, com isso, com uma grande responsabilidade: honrar sua memória fazendo dos nossos jogos de futebol momentos tão-somente de divertimento e de prazer. Que assim consigamos, especialmente eu... valeu Fredi e obrigado por tudo!!!


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Apaixonar-se



Recebi uma linda e inesperada homenagem dos meus alunos do curso de Pedagogia hoje. Foi emocionante, especialmente se levarmos em conta que este segundo semestre foi muito prejudicado por vários "eventos" que ocorreram as quartas-feiras. Fiquei pensando cá com meus botões o que será que mais marcou meus alunos neste ano de filosofia, filósofos, questionamentos, reflexões, crises... talvez tenha sido a paixão que demonstro por aquilo que eu faço. Então, se for isso, quero desejar a todos meus alunos, meus amigos, meus conhecidos, meus leitores... apaixonem-se!!

Tenho várias paixões: mitologia, Grécia antiga, filosofia grega, cristianismo primitivo, literatura, jesuítas, LEIP, Marx, Freud... enfim, tenho o coração grande que permite me apaixonar por várias coisas e pessoas ao mesmo tempo. E quando a gente se apaixona a gente vive intensamente a paixão; há vibração, entusiasmo, dedicação, diálogo, aprendizagem... enfim, passa a existir uma relação viva, forte, de coração e de razão, mesmo com aqueles que não existem mais de forma corpórea. Quando temos uma relação apaixonada com, por exemplo, Platão ou Aristóteles, nos permitimos ouvi-los com mais atenção, conversar com eles e, especialmente, aprender, por meio deles, sobre a vida, sobre a sociedade e sobre nós mesmos.

Meus alunos (os que são, os que foram e os que serão) se permitam apaixonar-se por aquilo e por aqueles que vocês encontraram e encontrarão pela frente. Vivam com intensidade a vida acadêmica; aprendam, ensinem, dialoguem, se inquietem, critiquem, elogiem, entrem em crise, enfim, vivam no sentido mais amplo que a palavra permite. Não se contentem com pouco, procurem mais; encontrem, percam (especialmente o medo e a vergonha),  exijam, corram atrás; não passem pelo curso,  apenas, mas deixem que o curso passe por vocês, se permitam transformar-se, mesmo que, na essência, permaneçam como são.

A paixão é que nos move, nos impulsiona, nos desaloja... Se a paixão for pouco científica, me permito afirmar: que se dane a ciência e que viva a vida!!



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Trans(enforma)ação - Haicai(?)

                                                                           

Como na natureza
tudo flui, mas não muda
assim, a vida.