domingo, 24 de março de 2013

Livre-arbítrio



- Se eu fosse você não faria isto.
- Mas eu quero experimentar.
- Tudo bem, você é livre para fazer, mas, como seu amigo, tenho a obrigação de alertar.
- Mas, porque você acha que não devo encarar?
- Não é isso. O que eu acho é que você tem que pensar muito antes de tomar tal atitude.
- Mas será que é tão perigoso assim?
- Não sei ao certo, mas você já pesquisou um pouco, conversou com as pessoas? Veja bem, o que quero é evitar que você acabe se machucando.
- Eu entendo. As pessoas com as quais conversei me falaram que é bom, que eu não vou me arrepender. Elas falaram, inclusive, que depois que eu experimentar eu não vou mais viver sem.
- Mas com quais pessoas que você conversou? Somente com aquelas que já fizeram o que você quer fazer? Ou com outras também?
- Na verdade, conversei somente com aquelas que já fizeram. É difícil achar, no mundo de hoje, alguém que ainda não optou por isso, e mais difícil ainda é achar pessoas que já fizeram e se arrependeram; parece até que elas se sentem envergonhadas.
- Então, você não tem medo de se arrepender?
- Mas as pessoas não falam que nós só devemos nos arrepender do que fizemos e não do que não fizemos?
- É verdade, mas acho que isso não serve para tudo, senão aonde iríamos parar?
- Mas, faz tempo que eu quero fazer isso.
- E o medo?
- Mas nós devemos vencer nosso medo, senão não fazemos mais nada de emocionante.
- Então?
- Então, vou fazer. Estou decidido.
- Boa sorte!
- Obrigado!

Então, ele fez a conta no Facebook!!
Depois, com o tempo, ficou com a sensação de que havia sido expulso do paraíso...


segunda-feira, 4 de março de 2013

Amor e estupidez humana


Escrevo ainda no calor da indignação com a morte de nossa querida colega de trabalho Diana, a qual foi brutal, estúpida e covardemente assassinada pelo ex-namorado com um tiro, o qual depois teve a covardia de se matar, e tudo isso ocorreu em frente da filha da Diana... Esta história, além de causar repugnância pelo próprio fato em si, que sirva para fazermos algumas reflexões.

Primeiro, parece, pelo menos para mim, que aumentou o número de casos em que homens matam covardemente suas  ex-namorads, ex-esposas, e cometem suicídio logo em seguida. Casos como estes acontecem, acho, desde que se inventou o amor entre duas pessoas, mas, o fato é que nos últimos anos este tipo de crime tem se tornado comum demais. Mas, o que leva uma pessoa a cometer este bárbaro ato? O que leva a pessoa a desprezar a vida da pessoa amada e a sua própria vida? Quais as razões que levam pessoas (geralmente homens!!) a travestir de amor um ato tão horrendo? E o que é pior, este tipo de patologia não se mostra facilmente, tanto que há um relacionamento amoroso entre as pessoas, um carinho recíproco no início da relação.

Penso que em determinado momento, uma pessoa se apossa completamente da outra. Uma das partes (senão as duas em inúmeros casos) faz da outra sua propriedade, se torna seu dono, e qualquer atitude que contrarie a outra é motivo de ciúmes doentios. A pessoa que se apropria da outra não enxerga mais a(o) parceira(o) como alguém que tem vida própria, que tem passado, amigos, ambições, enfim, tem sua individualidade. A pessoa que se apropria da outra passa a depender, de forma patológica, da outra, colocando a razão de sua existência na existência da outra a seu lado. É uma prisão sem grades; uma prisão psicológica e voluntária cujas grades parecem ser muito mais poderosas que as de ferro de uma jaula comum. Em nossos dias, as carências humanas parecem de uma profundidade sem fim, tanto que faz as pessoas entrarem em relacionamentos cerceadores e mutiladores. Aliado a isto, vivemos uma época em que as pessoas, no geral, não sabem lidar com o não, não sabem lidar com o luto, não sabem lidar com a separação.

Se algo pode ficar de lição desta tragédia talvez seja uma auto-vigilância para que não dependamos do outro para nossa felicidade; que não coloquemos no outro a razão de nossa vida; que não nos apossemos da alma do outro, tornando-o nossa propriedade; que não caiamos no engodo de acreditar que o ciúme é prova de amor. A lição que fica é que vivamos intensamente nossos relacionamentos por inteiro, preservando as individualidades e que cada um cresça na companhia do outro. Amor não tem nada ver com posse. Amor tem a ver com liberdade!

Diana, obrigado pelo tempo em que você conviveu conosco. Mais do que de sua reconhecida competência técnica no NEAD da UEM, o que mais fará falta em nós será sua simpatia, sua disposição e sua atenção. Vá em paz e que mais do que sua estúpida morte, lembremos sempre a alegria da vida que você trouxe para nós estes anos todos!!!