terça-feira, 14 de junho de 2016

Black Mirror


Uma das séries mais sensacionais de todos os tempos!! É assim que eu (e muita gente) define a série inglesa Black Mirror. Ela é espetacular porque é, na verdade, assustadora, pois é uma visão nada romântica do que a tecnologia pode fazer com as pessoas. Ao assistir esta série me lembrei da primeira vez que assisti Blade Runner, o caçador de andróides, pois foi uma espécie de "ducha de água fria" na confiança num futuro sem problemas, em que a tecnologia iria resolver os problemas da humanidade.

Black Mirror é uma série que tem no Netflix (infelizmente não ganho dinheiro para fazer propaganda!!), foi produzida entre 2011 e 2014, tem 7 episódios espalhados por 3 temporadas. As histórias não são conectadas, com enredos e atores diferentes. O primeiro episódio é, no mínimo, corajoso, pois se trata de um sequestro de uma princesa inglesa e o resgate é que o primeiro-ministro inglês deve fazer sexo com uma porca na TV, ao vivo, em horário nobre. Mas, o que parece algo nojento é, na verdade, uma crítica ao mundo midiático. Crítica ácida, inesperada, chocante, com um simbolismo perturbante. Mas, de forma metafórica, é à realidade que se está referindo.

Os episódios seguintes retratam, primeiro a sociedade do espetáculo e o que as pessoas fazem para dela fazer parte e se destacar, e, depois, uma visão de um futuro próximo em que as pessoas colocam um chip atrás da orelha e podem assistir suas memórias a qualquer momento. Ambos episódios são igualmente chocantes, começam aparentemente despretensiosos, mas, depois escancaram onde as pessoas podem chegar para conseguir atingir seus propósitos. Novamente a tecnologia é apresentada de início como algo interessante, mas, depois, o uso que as pessoas dela fazem  a tornam uma verdadeira prisão.

A segunda temporada é, ainda, mais perturbadora. O primeiro episódio é sobre a volta de alguém que morreu; o segundo é sobre uma pena, uma punição, que se repete todo dia; a terceira é sobre a radicalidade e a boçalidade da propaganda. Em todos eles novamente está o uso da tecnologia como um espetáculo, individual ou coletivo, que expõe, na verdade, as mazelas, tanto individuais como sociais.

A última temporada tem apenas um episódio, que é, sem dúvida, o melhor de todos. Com 3 pequenas histórias conectadas, mostra até que ponto a tecnologia pode nos prender em um mundo a parte, sem conexão com as pessoas, com culpa e, especialmente, numa espécie de eterno retorno. O ultimo episódio leva o simbolismo, a metáfora da perda da identidade pessoal ao extremo.

A tecnologia em si, na minha opinião, nunca é problema. O uso que fazemos dela é a questão. O uso que já fazemos do face, do whatsApp e de outros aplicativos e redes sociais já indica que estamos cada vez mais solitários e sem conexão concreta e real com as pessoas. Black Mirror nos alerta que podemos nos afundar ainda mais na nossa desumanidade, demasiada humana!! É o encontro (ainda bem que virtual, pelo menos por enquanto) com um futuro que pode ser ainda mais individualista, egocêntrico e doente. Quem sabe não possamos refletir sobre isto e perceber que podemos construir um futuro mais decente!!

Para alento dos admiradores da série, há notícias de que a quarta temporada está sendo gravada, com 12 episódios. Já estou ansioso desde já...