segunda-feira, 27 de março de 2017

Governo Temer e a classe média


Ando recebendo algumas mensagens, via face, e-mail e WhatsApp, denunciando medidas que o governo do presidente Temer está tomando que implicam na perda de ganho da classe média brasileira. Por exemplo, um decisão presidencial que aumentaria a porcentagem do imposto de renda, que passaria dos atuais 27,5% para 31 ou 33%, o que acarretaria, sem dúvida, perda de ganho real do salário da classe média.


No entanto, eu fico pensando cá com meus botões, não foi justamente a classe média brasileira que foi o grosso do movimento que pedia a saída da Dilma da presidência? Não sabiam eles que com o impeachment quem assumiria o governo era o Temer? Não sabiam eles que o PMDB do atual presidente costurou acordos com vários partidos, dentre eles o PP e o PSDB do Aécio, para tomar o poder? Ou, em sã consciência, será que alguém acreditou que existiu mesmo o tal crime das pedaladas fiscais para justificar a saída da presidente Dilma?

Portanto, sinceramente, não consigo entender as reclamações sobre a atual política econômica que afetam a classe média. Me parece muita ingenuidade acreditar que os graves problemas econômicos do Brasil cessariam imediatamente com a troca de mandatários maiores do país. Assim, acho que boa parte da classe média está provando de um remédio muito amargo que foi prescrito por um médico escolhido por ela mesmo.

Com toda sinceridade, não consigo me comover e nem me mobilizar com a atual situação da classe média, da qual eu faço parte. O moralismo e o conservadorismo desta classe, ou de boa parte dela, sempre viu um trabalhador e uma mulher na presidência como algo não digno para o Brasil. Então, meus caros amigos, peço que não me enviem mais abaixo-assinados contra mudanças que afetam os ganhos da classe média, pois elas não me comovem.

Continuo achando que a maioria das medidas adotadas caem na cabeça da classe média e dos pobres, quando deveriam, por exemplo, ter a coragem de taxar as grandes fortunas, por exemplo. No entanto, fico pensando se não seria justo a classe média provar um pouco do próprio veneno, e no bolso!!!


segunda-feira, 6 de março de 2017

Carnaval 2017


Depois de completar meus 50 anos, ou seja, mais da metade da minha vida, passei por uma experiência única: desfilei em uma escola de samba na Sapucaí, no Rio de Janeiro. E mais, além do desfile, assisti, ao vivo, as escolas de samba do grupo especial. E mais, brinquei o carnaval em blocos, nas ruas e em bares. Ou seja, vivi intensamente meu primeiro carnaval no Rio de Janeiro. Gostei muito e queria comentar aqui algumas impressões. Vou começar pelo carnaval nas ruas.

Na primeira noite fui apresentando ao bloco Embaixadores da Folia. A emoção já começou por ali. Depois de muito tempo, ouvi uma bandinha tocar marchinhas antigas de carnaval. Vi que as pessoas cantavam e se divertiam com as marchinhas. Me pareceu, por um momento, que tinha entrado numa espécie de túnel do tempo, voltando para minha época de infância, adolescência e juventude, em que brincávamos o carnaval ao som daquelas mesmas músicas, quase todas deliciosamente maliciosas, mas de uma malícia ingênua comparada com as músicas de "carnaval" de hoje. Confesso que me emocionei em meio a tanta alegria demonstrada sem a necessidade de cantar ou dançar músicas que estão na moda hoje. Quando a banca tocou "Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval...", quase fui às lágrimas... Além das marchinhas a banda tocou os sambas-enredo que fizeram história nos desfiles das escolas de samba. Enfim, só por aquele dia, ou aquela noite, já teria valido a pena a viagem. Hoje, não há mais diferenças entre as festas, pois em todas (carnaval, formatura, casamento, balada...) são as mesmas músicas que tocam mais, ou seja, sertanejo universitário, funk e axé.

Mas, o melhor estava por vir, e, ainda bem que veio em parcelas para acalmar e preparar meu coração. No domingo assisti ao primeiro dia do desfile das escolas de samba. Ver, ao vivo e a cores (e bota cores nisso...), àquilo que eu assisti muito tempo pela TV foi fantástico. Comissões de frente, alas, carros alegóricos, fantasias, baterias, sambas-enredo, tudo, ali, pertinho, a dois metros de onde eu estava era inimaginável até então. O que mais marcou foi ver a alegria e o entusiasmo de todos os participantes, cantando a plenos pulmões, vibrando com a escola, defendendo as cores das agremiações como se estivessem numa verdadeira olimpíada.

Agora, no segundo dia das escolas, na madrugada em que desfilei no carro alegórico da São Clemente, ah!, isto sim foi indescritível. Estar na concentração, colocando a fantasia, subindo no carro e aqueles 30 minutos até entrar na avenida, foi um misto de medo, tensão e  ansiedade, como esperar o início de uma partida decisiva do Palmeiras ou os momentos anteriores aos jogos do Brasil em copas de mundo. Mas, quando entrei na avenida do samba, quando senti aquela energia inexplicável, quando vi todas aquelas pessoas, quando o samba-enredo da minha escola estava em toda a avenida, foi mágico!! Nem em meus sonhos eu consegui ter a noção do que vivi naqueles 30 e pouco minutos que durou minha passagem pela Sapucaí. A interação com o público foi a melhor parte. Pessoas te olhando e dando força, pessoas sorrindo contigo, pessoas torcendo por você. Aliás, vi, nos dois dias, pessoas com camisas de uma escola cantando o samba e se alegrando com todas as escolas. Pessoas se divertindo com todas as escolas, se alegrando com a escola, sofrendo com os problemas que as escolas tiveram, vibrando quando as escolas conseguiam chegar ao fim no tempo regulamentar. Enfim, caramba, tudo o que possa escrever aqui não dará conta de explicar o misto de sentimentos que vivi.

Claro que teve problemas no carnaval no Rio, tanto nas ruas como na Sapucaí. Algumas escolas que, na minha opinião, fizeram coisas erradas (e, ao invés de serem punidas, acabaram sendo premiadas). Nas ruas, muita pobreza e mal cheiro. Mas, sinceramente, não vou aqui me alongar nos problemas, pois as coisas boas que me aconteceram e que me encantaram é o mais me marcou.

Quero agradecer ao meu amigo Fernando Vieira, por ter me proporcionado os momentos lindos, emocionantes e exuberantes que eu tive no carnaval do Rio este ano. Valeu meu irmão!!!!