quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Sobre o resultado das eleições presidenciais

Todos os que acompanham meu blog e meu face sabem que declarei meu voto na Dilma e, portanto, claro que fiquei feliz com a sua vitória no último domingo. Mas, não posso me furtar a fazer aqui uma análise da campanha e, também, do que nos espera nos próximos quatro anos.

Começo pela campanha. O segundo turno foi marcado muito mais por trocas de acusações morais do que, propriamente, uma discussão, um cotejar de dois projetos para o Brasil. Em síntese, tirando a declaração do candidato Aécio de quem seria seu ministro da economia (Armínio Fraga), o que para uma minoria que entende de economia se tornou um diferencial, o restante das propostas da petista e do tucano não se diferenciavam: ambos proporam combater a inflação, gerar mais empregos, ampliar os programas sociais etc etc etc. Não foi possível, portanto e de fato, diferenciar dois projetos que, ideologica e partidariamente, deveriam ser diferentes. Para quem realmente queria ver diferenças restou comparar o passado mesmo, ou seja, para quem tem mais de 30 anos pôde cotejar o que foi o governo FHC com o governo Lula. Sobrou, para desqualificar o adversário, acusações e mais acusações de corrupção, imoralidade, fraquezas. E, por isso mesmo, a campanha dos partidários dilmistas e aecistas, especialmente nas redes sociais, também foi, igualmente, marcada por denúncias de corrupção, imoralidade, fraquezas, e, como conseqüência, um clima alarmista de ambos os lados marcou também as respectivas campanhas. Com o resultado das eleições, o clima da campanha continuou, uns lamentando o ocorrido anunciando uma espécie de apocalipse para o futuro e outros enaltecendo a vitória da justiça e da verdade, quase num clima de ufanismo. Com isso, foi natural, na minha opinião, ver os preconceitos escancarados por parte dos perdedores, especialmente com os pobres, nordestinos e, equivocadamente, com os comunistas. Aliás, julgo muito interessante ver pessoas destilando abertamente seus preconceitos nas redes sociais num mundo cada vez mais politicamente correto; é curioso perceber que, apesar de pensarmos que algumas coisas mudaram, os preconceitos de classe, de cor, de sexo ainda estão fortemente presentes. Neste sentido, o que percebo é que ainda temos muito a caminhar na direção de uma verdadeira solidariedade e na derrubada definitiva dos preconceitos.

Agora reflito sobre o futuro próximo. A presidente Dilma tem uma tarefa muito árdua pela frente, pois não podemos tapar os olhos, a boca e os ouvidos (como os famosos macacos), de que estamos diante de uma grave crise no Brasil. A previsão de crescimento da economia nacional é de menos de 1% para 2014, sendo que os países desenvolvidos deverão crescer em torno de 2% e os emergentes em torno de 4%. A inflação é uma forte ameaça. A dívida pública aumenta cada vez mais. A falta de infra-estrutura é cada vez maior. Aliado a isto, é urgente depurar o próprio Partido dos Trabalhadores, pois o envolvimento de seus quadros com a corrupção ameaça, cada vez mais, por em xeque as origens do partido que mudou a cara do Brasil. Enfim, a tarefa da presidente Dilma é, de fato, hercúlea, o que ficou claro, aliás, quando ela, no discurso da vitória, conclamou todas as forças políticas do Brasil para um entendimento nacional sobre as reformas necessárias. Dilma vai ter que ter coragem de implementar medidas que serão vistas como impopulares, mas que serão absolutamente necessárias, mesmo que isto coloque em risco o projeto do PT de governar o país; aí, sim, poderemos ver se o seu partido tem um projeto de Brasil ou, como atacou Aécio na campanha, tão-somente um projeto de poder...

Confio na presidente Dilma!! Confio que as políticas públicas sociais não serão sacrificadas na sua nova gestão a frente do Brasil. Continuo confiando na sua sensibilidade de perceber que o governo deve favorecer a que mais pessoas possam ter condições de uma vida minimamente digna para viver com decência. Mas, estarei alerta para que, como apontei logo acima, um projeto de nação, um projeto de Brasil se sobreponha a um projeto de poder que coloque em risco a economia nacional.




domingo, 12 de outubro de 2014

Eu votaria no Aécio se

Sinceramente, eu não acho que expor a opção do voto para presidente aqui no blog ou no face faça diferença, no sentido de convencer alguém de alguma coisa. O que vejo no face, por exemplo, é quase um diálogo de surdos entre os que irão votar na Dilma e os que irão votar no Aécio. Eu, de minha parte quero tornar público meu voto e expor as razões, mas sem a pretensão de mudar a opinião daqueles que já se decidiram. Mas vou fazê-lo de forma diferente, vou expor aqui as razões pelas quais eu votaria no Aécio.

Bem, vamos lá. Eu votaria no Aécio:

1. se eu não concordasse com o aumento do número de carros nas cidades, afinal, de alguns anos para cá, mais pessoas passaram a comprar carros, novos ou usados, e isso inchou o tráfego em nossas pacatas e elitistas cidades burguesas;
2. se eu não concordasse com um maior número de pessoas, jovens e adultos, fazendo cursos superiores e técnicos pelo Brasil afora, afinal, por que mais universidades públicas, mais cursos técnicos para os pobres? Eles deveriam se contentar, no máximo com seus cursos médios;
3. se eu não concordasse com a Educação a Distância pública no Brasil em que pessoas de várias idades puderam fazer cursos universitários sem precisar viajar ou sair de suas regiões, pois porque dar chance para estas pessoas, se, de fato, elas deveriam cursar somente os cursos presenciais?
4. se eu não concordasse com políticas inclusivas, tipo bolsa-família, pois por que ficar assistindo as pessoas que deveriam, por mérito próprio, conseguir emprego e salário?
5. se eu não concordasse com os auxílios para os universitários em instituições privadas e com as bolsas que os alunos recebem para estagiar no exterior, pois, afinal de contas, cada um que se vire em pagar e custear seus estudos e sonhos;
6. se eu não quisesse ver tantas empresas serem abertas e tantos trabalhadores que se tornaram donos de seus próprios negócios, afinal empresário nasce empresário e este negócio de empregado querer se tornar chefe não dá certo;
7. se eu não gostasse de ver tanta gente viajando de avião, entupindo os aeroportos de farofeiros, pois avião deveria ser reservado para pessoas chiques e que pertencem à elite;
8. se eu não me importasse que os crimes de corrupção fossem apurados pelos órgãos competentes, afinal, corrupção sempre existiu e se o dinheiro público não fosse desviado para os pobres não faria diferença se fosse roubado um pouco.

É isso aí, quem concorda com tudo isso que vote no Aécio. Eu, de minha parte, como acredito exatamente no contrário disso tudo, voto na DILMA!!!

Sei que o país está passando por sérios problemas, como déficit público aumentando demais, expectativa pífia de crescimento, inflação voltando a assustar, enfim, problemas sérios que precisam ser resolvidos. Mas fico aqui pensando, para a decisão do meu voto, que o custo social da resolução dos problemas não pode ser com o aumento da desigualdade, com a redução de investimentos nos setores sociais, especialmente com a educação.

O meu voto é crítico, mas ainda é de confiança na DILMA, torcendo para que ela seja a grande liderança petista que faça um expurgo do próprio PT, para que ele não se afaste dos seus ideais iniciais, como algumas de suas lideranças vêm fazendo.




sábado, 4 de outubro de 2014

Eleições 2014


Estamos, nós brasileiros, mais uma vez na véspera de um momento que deveria ser um dos mais importantes, senão o mais, do exercício da cidadania. Afinal, é o presidente da república e o governador do estado que elegeremos, mesmo que não seja definitivo agora, pois poderemos ter segundo turno, o voto de amanhã é o mais decisivo, e além disso, elegeremos nosso legislativo federal e estadual.

Mas, porque será que ao invés da euforia de outros momentos eu me encontro um tanto desanimado com este processo? Talvez porque eu não seja militante de nenhum partido e, por isso, não me interesse a manutenção ou mudança pela expectativa de manter ou angariar empoderamentos? Talvez pelo fato de que eu não consiga ver, de fato, muitas diferenças nos discursos daqueles que estão lutando para chegar aos cargos? Talvez porque as campanhas eleitorais se mostraram novamente enfadonhas, repetitivas, algumas até cínicas e praticamente indiferenciadas? Talvez pelo fato de que, eleição pós eleição, parece de fato não haver vontade política dos eleitos em fazer uma reforma política no Brasil que moralizasse o uso da coisa pública? De fato, talvez seja a soma disso tudo, mas o fato é que o desânimo existe e parece só aumentar.

O problema é que se fosse somente eu a desanimar não seria problema. Pior é que parece que se trata de um sentimento meio que generalizado na sociedade brasileira. Queria muito, muito mesmo que o voto não fosse obrigatório, para saber realmente quantos brasileiros iriam às urnas. Posso estar errado, mas calculo, apressadamente, que nesta hipótese, menos da metade dos eleitores votariam amanhã.

Apesar do meu pessimismo crescente, já escolhi meus candidatos a presidente e governador (os quais acho que não preciso revelar, não porque o voto é secreto, mas porque o objetivo aqui não é fazer campanha). Mas não significa que votarei iludido que se eleitos eles contribuirão, como eu gostaria, para que os políticos deixassem de ser responsáveis - pois o são - pela descrença cada vez maior da população com relação à política.

Torço para tenhamos segundo turno tanto para governador do meu estado, o Paraná, como para presidente. Gostaria muito de ver dois projetos diferentes serem debatidos, com todas as suas consequências, para o Paraná e para o Brasil. Gostaria de ver o debate entre projetos que fossem realmente políticos, com propostas razoáveis, consequentes e exequíveis. Partidos e candidatos são diferentes, tanto ideologica quanto pessoalmente; que mostrassem as diferenças e deixassem propostas populistas e meramente eleitoreiras de lado. Os brasileiros estão cansando... e isto deveria servir de alerta!!!

No mais, tenho amigos e outras pessoas que admiro na disputa pelo Brasil afora. A eles desejo sucesso e, caso sejam eleitos, confio que tentarão mudar o perfil político, tão desgastado, no Brasil.