sábado, 11 de novembro de 2017

Celso



Conheci o Celso em 1992, durante o Josuem (jogos dos servidores da UEM), em que eu jogava futebol pelo CCH (Centro de Ciências Humanas) e ele jogava pelo time da PRH (Pró-Reitoria de Recursos Humanos). De lá para cá trabalhamos juntos na gestão dos professores Souza e Neuza, de 1994 a 1998, eu na chefia de gabinete e ele na chefia do cerimonial; ele morou em casa um tempinho (me falha a memória quando foi), pois tinha quebrado a perna e estava estudando para um concurso; fui padrinho de casamento dele com a Sandra, em 2000 ou 2001; mas, o mais importante é que fomos amigos, no sentido mais profundo e bonito deste substantivo, especialmente desde 1994. Ao mesmo tempo que é difícil escrever algo para o Celso como minha última homenagem a ele, por causa da dor de sua partida, é muito fácil dele lembrar e sobre ele escrever.

O Celso fez Direito na UEM e começou a trabalhar na mesma universidade antes de mim, ou seja, antes de 1989. Pela sua formação, pela sua articulação política, pela sua liderança e pela sua capacidade de diálogo, ele ocupou cargos de relevância na nossa universidade. Além da já citada chefia do cerimonial, em que pode desenvolver uma de suas habilidades, que era falar em público, ele foi, sucessivamente, Diretor de Pessoal, de 1998 a 2002, Procurador Jurídico, de 2002 a 2006, Presidente do Sinteemar (Sindicato dos servidores da UEM) de 2013 a 2016. Além disso ele foi o representante dos servidores técnicos no Conselho de Administração da UEM, função que lhe rendeu a liderança e o respeito dos seus pares, pois ele os representou muito bem, especialmente em momentos decisivos da carreira dos servidores. É impossível separar a história pessoal dele de sua atuação, intensa e significativa, na UEM.

O Celso foi uma das melhores almas que conheci. Como disse o Erivelto, nosso amigo em comum, hoje de manhã, sempre foi fácil estar perto dele. Pessoa tranquila, raramente perdia a serenidade, bom de conversa, especialmente sobre música e futebol. Claro que o Celso tinha defeitos, mas, sinceramente, não estou nem aí para deles falar, pois os seus defeitos o tornavam humano, só isto!! É interessante que apesar de sermos amigos-irmãos, nem sempre estivemos no mesmo lado político na UEM. Na campanhas para reitor de 2002 e 2006 (campanhas, no geral, que nós dois tivemos participação intensa) estivemos em lados diferentes; ele levou uma e eu outra; empatamos! Mas, em nenhum momento nossa amizade sequer balançou, ao contrário, o respeito mútuo somente cresceu. Para não ficar excessivamente longo este depoimento/homenagem, uma história e uma sua característica.

A história: no início de 1997 ele, como chefe do cerimonial, organizou a colação de grau dos alunos da UEM no ginásio Chico Neto, e eu, como chefe de gabinete, ou seja, como seu chefe imediato, tinha que aprovar tudo. Ele veio com uma ideia de fazer algo diferente ao final da cerimônia, que era realizada em dois dias: fazer um letreiro escrito "Parabéns aos graduados da UEM", escrito com pólvora que, ao final, com as luzes desligadas, seria aceso e proporcionaria um visual deslumbrante. Fizemos sem comunicar o reitor Souza, para não estragar a surpresa. Foi lindo! Todos aplaudiram! No entanto, como diz a lei da física que a fumaça quente sobe a fria desce, depois de cinco minutos a fumaça toda desceu e cobriu todos (umas três mil pessoas ao todo), quase causando um alvoroço. Bombeiros foram chamados, mas, descobriram que nem sempre onde há fumaça há fogo. Ainda bem! Resultado: levamos um senhora de uma bronca do reitor e, claro, não repetimos no outro dia. (estou rindo sozinho aqui lembrando de tudo...).

A característica: Celso foi o palmeirense mais entusiasmado que conheci; muito mais do que eu, que sou palmeirense.  Se pedirem para as pessoas que o conheceram lembrar dele certamente o farão vestido com a camisa ou agasalho do Palmeiras. Ele sempre comprou todas as camisas do time, as de jogo (primeira, segunda e terceira camisas) e as de treino; os calções; as meias; as camisas de goleiro, de manga curta e longa; os agasalhos. Quando não estava vestido com uniforme do Palmeiras ele estava, geralmente, de terno (outro tipo de roupa de que gostava muito), ou seja, sempre estava muito elegante! Mas, apesar de todo o entusiasmo ele não era fanático, como tantas vezes as pessoas assim o qualificaram, pois fanatismo significa intolerância com o diferente. Ele sempre respeitou os torcedores dos outros times, mesmo os corinthianos!! Eu posso afirmar com segurança que nunca vi o Celso discutir seriamente com alguém por causa de futebol; nem nos campos em que ele jogava (aliás, um ótimo centroavante), nem nas resenhas, bares, churrascos, com ou sem bebida alcoólica. Ele sempre foi assim, um torcedor ardoroso, mas nunca colocou o glorioso Palmeiras acima das amizades. Por isso sempre foi muito fácil estar com ele.

É isso meu amigo!! Um pouco de quem você foi e é, pois seu corpo se esvaiu, mas sua memória sempre vai estar comigo. Você me fez muito bem sempre!! Foi um baita privilégio conviver contigo por tantos anos!! Você fará muita falta na vida de muita gente, especialmente seus familiares e amigos mais próximos, mas saiba que sua presença, palavras e seu jeito de ser contribuíram para muitos de nós sermos melhores. Especialmente eu!!!!!!