Posso afirmar que vivi intensamente esse período. Posso afimar que acompanhei de muito perto o crescimento da UEM, seu amadurecimento acadêmico e científico. Posso afirmar que, como bem diz o atual reitor da nossa universidade (prof. Julio Damasceno), o DNA da UEM faz parte do meu, se misturam em muitos aspectos. Inicialmente é preciso deixar bem claro: tenho muito orgulho de ser professor desta universidade!
Ao longo dessas três décadas fiz muitos amigos, tive e tenho inúmeros colegas, conheci e me relaciono tranquilamente com centenas de pessoas. Claro que colhi inimizades também, mas elas são tão poucas que me tranquilizam com relação à matemática da vida, na soma, multiplicação, divisão e subtração de amizades.
Posso afirmar tranquilamente que sempre respeitei as pessoas por pensarem diferente de mim, por fazerem e defenderem escolhas que não foram as minhas. A universidade me ensinou, praticamente de forma cotidiana, que a democracia é o valor maior que deve unir as pessoas, pois, dessa forma, e foi assim comigo, as desavenças políticas, os adversários políticos ou mesmo acadêmicos não se confundiram com inimizades pessoais, muito ao contrário; tenho, na universidade, pessoas muito queridas, com as quais sempre há portas abertas, que são minhas adversárias históricas .
Vivi intensamente a UEM, pois participei ativamente de sua política interna: participei e coordenei campanhas para reitoria, exerci cargos de destaque na sua administração, como chefe de gabinete da reitoria e pró-reitor de ensino de graduação. O que aprendi sobre a UEM e sobre o ensino superior em geral no exercício desses cargos eu não aprenderia lindo mil livros, tendo mil aulas sobre o assunto. Mas aprendi, especialmente, a desenvolver minha sensibilidade para a complexa função que é gerir uma isntituição pública universitária, que compreende, especialmente, as relações humanas que dela fazem parte.
Vivi intensamente a UEM na medida em que também exerci funções mais acadêmicas e menos políticas, como chefia de departamento e coordenação de cursos de graduação. Tais funções também me despertaram a necessidade de desenvolver a sensibilidade acadêmica, sem esquecer, é claro, toda a regulamentação que, às vezes mais às vezes menos burocrática, tem a função de regular a vida acadêmica.
Vivi intensamente a UEM como conselheiro de dois de seus conselhos superiores: o Conselho Universitário e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Ali, nesses espaços coletivos primordiais da vida universitária, aprendi que o diálogo é fundamental para avançarmos; ali o respeito é fundamental para que o coletivo prevaleça sobre as vontades individuais ou de grupos isolados.
Mas, vivi intensamente a UEM em momentos e aspectos que sempre me deram prazer, apesar de sempre me darem muito trabalho: o ensino, a pesquisa e a orientação. Dei aulas em todos os níveis de ensino (lembro uma semana em que dei aula na graduação, na especialização, no mestrado e doutorado) e, na grande maioria das vezes, me senti realizado nesta função; dar aulas para mim sempre foi, também, momentos privilegiados de aprendizado; ano passado tive mais uma experiência gratificante: dar aulas na Unati, para pessoas da terceira idade. Minhas pesquisas, de mestrado, de doutorado e as institucionais, me oportunizaram conhecer e me aprofundar em temáticas interessantes e instigantes. Meus orientandos (ah meus orientandos!) que, em sua maioria, viraram meus queridos amigos; acompanhar o processo de amadurecimento dessas pessoas, sob meus cuidados acadêmicos, foi, e continua sendo, uma das atividades que mais trazem satisfação. Por falar nisto, um grupo em que ensino, pesquisa e orientação se cruzam é o LEIP; o nosso Laboratório de Estudos do Império Português, criado em 2008 pelo Sezinando e por mim, é o "fruto" mais significativo desta minha relação com a UEM, pois é espaço que alia ciência e carinho e respeito; obrigado Sezinando Luiz Menezes por você existir na UEM, pois com você demos vida a um grupo que sintetiza o que de melhor a vida acadêmica pode trazer.
Vivi intensamente a UEM, a ponto de ficar triste, frustrado e angustiado com a sua situação de alguns anos prá cá. O projeto de enfraquecimento e desmantalemanto das Instituições de Ensino Superior no Parará é algo concreto, que coloca em risco a própria identidade da nossa universidade em Maringá. A falta de concursos e, por consequência, de contratação de professores efetivos está colocando em risco o que de mais precioso a UEM produziu: seus cursos de pós-graduação em mestrado e, especialmente, doutorado. A UEM cresceu e se consolidou muito em função de resistir às investidas de governos que somente no discurso tinham a educação como uma de suas porioridades. Para a ciência em Maringá, Paraná, Brasil e no mundo, é realmente uma pena o que estamos presenciando.
Finalmente, quero hoje agradecer a todas minhas alunas, todos meus alunos, minhas colegas e meus colegas de trabalho em todos os lugares nos quais trabalhei e trabalho, minhas orientandas e meus orientandos que tive ao longo destes 30 anos, agradeço especialmente minhas amigas e meus amigos que, para além das interações acadêmicas, contribuiram para que minha vida na UEM tivesse realmente valido a pena!!
Obrigado UEM por tudo me trouxe! Obrigado UEM por ter contruído, e muito, para o que sou hoje!
PS: obviamente que deixei de falar um monte de coisas neste espaço, mas o que aqui está escrito sintetiza, resume, uma vida na UEM, uma história vivida intensamente...
Parabéns Dr. Tive a honra e prazer de acompanhar esta caminhada de 30 anos juntos.
ResponderExcluirParabéns Célio, que baita jornada! De fato a Universidade ver sofrendo com a falta de concursos e os diversos governos... Você é, sem dúvida uma inspiração a todos do LEIP. Obrigado pela pessoa e professional que você é!
ResponderExcluirParabéns Dr. Célio!
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