segunda-feira, 28 de março de 2016

Crise



Normalmente associamos crise a coisas ruins. Crise na economia, crise na política, crise na escola, crise psicológica, crise financeira, crise existencial... enfim, quase todas as vezes que nos referimos a crise é negativamente. Portanto, evitamos ao máximo entrar em uma crise. Não gostamos e não queremos ter crise e com ela conviver. Mas, a maioria das crises não são desejadas e nem provocadas intencionalmente, mesmo aquelas geradas por uma mente com problemas, pois as crises nunca são intencionais ou racionalmente planejadas. Ou seja, a crise vem sem ser convidada... No entanto, há crises que, na minha opinião, não devem ser evitadas, não devem ser cortadas. Devem, sim, ao contrário, ser vivenciadas, especialmente aquelas pessoais que nos levam a repensar nossas convicções.

A crise, quando é vivenciada e não silenciada, abre um caminho para o autoconhecimento. Caminho difícil, é verdade, com dores, sofrimento e angústia, mas um caminho que se abre e que deve ser trilhado. O problema é que não é um caminho curto, breve, pelo contrário, e isto, num mundo em que a gente quer resolver tudo rapidamente, só torna as coisas mais difíceis. A crise normalmente expõe aquilo que não queremos ver, que nos incomoda, que nos trás angústia, dúvidas e tristeza. Nós queremos sempre ser felizes, sempre nos realizar nas nossas relações, sejam pessoais ou profissionais, e estamos certos de queremos, de buscarmos isto; no entanto, há momentos em que é necessário pararmos um pouco e tentarmos ouvir o nosso íntimo. A crise pode ser justamente isto: a necessidade de ouvir atentamente nosso eu interior e avaliarmos a situação em nos encontramos.

A crise, assim, não deve ser evitada, não deve ser camuflada e não deve ser anestesiada. Deve, sim, na minha opinião, ser encarada. Depende como encaramos estes momentos difíceis, saímos mais inteiros, saímos mais nós mesmos. Pode ser uma caminhada lenta, cansativa, angustiante, mas, depois, o caminho se torna mais denso, mais confiável, porque nós nos tornamos mais fortalecidos. Se a crise vier vamos vivê-la, afinal, não é toa que os gregos, em sua sabedoria, cunharam a frase que foi eternizada por Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo"!, que é tão fácil de entender, mas tão difícil de realizar...



segunda-feira, 21 de março de 2016

A continuidade da discriminação da EaD na UEM


Estou há algum tempo sem escrever no meu blog, pois, como alguns amigos mais próximos devem saber, estou num momento de profundas reflexões pessoais e achei mais conveniente deixar um pouco de publicar minhas opiniões aqui. No entanto, um fato que tomei conhecimento ontem e confirmei hoje não poderia me fazer ficar calado, pois se trata de mais um golpe contra a Educação a Distância (EaD) da UEM, muito semelhante, ou talvez até pior,  ao que aconteceu há dois anos atrás quando da eleição para reitoria da UEM (para quem tiver curiosidade favor acessar o link Educação a Distância da UEM: momento de luto).

Desta vez se trata de uma outra eleição interna da UEM, para direção do CCH (Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes), centro que abriga três cursos na modalidade a distância (História, Letras e Pedagogia). A comissão eleitoral, designada pelas portarias 001 e 002/2016-CCH, decidiu, não sei se por unanimidade ou por maioria (o fato é que decidiu) que os alunos dos cursos da modalidade EaD terão, se assim o quiserem, que votar presencialmente no bloco H-12 do campus da UEM. O interessante é que a última eleição para os mesmos cargos, ocorrida em 2012, os alunos da EaD votaram eletronicamente. Até quando, sempre me pergunto, esta modalidade continuará sendo discriminada na UEM? São momentos como este, em que um poder está em jogo, que tal discriminação ocorre sempre. Por que? Será que o medo do voto dos nossos alunos é tão grande assim? Na eleição para reitor em 2014, se aos alunos da EaD tivesse sido dado o direito de votarem eletronicamente por computador (o que já havia ocorrido para a eleição de reitor em 2010), é muito provável que haveria mudança em uma das chapas que chegou ao segundo turno.

A questão institucional que fica é sobre a aceitação ou não, de fato, da EaD em nossa universidade. Os alunos, como todos sabem (e, reitero, todos sabem mesmo!!), fazem o curso onde melhor escolherem e têm no ambiente virtual de aprendizagem MOODLE sua "sala de aula"; eles vão aos polos de apoio presencial obrigatoriamente somente para fazer as provas e/ou para alguma atividade avaliativa; eles moram, em sua maioria, em cidades distantes (de 10 a 100 km) das cidades dos polos, pois, afinal, eles fazem um curso A DISTÂNCIA; eles são alunos regularmente matriculados na UEM, com RA e todos os direitos e obrigações que qualquer aluno tem; os cursos que eles fazem são lotados em seus respectivos departamentos, com professores coordenadores que, como tal, fazem parte dos conselhos CI-CCH e CEP-UEM; os alunos, como quaisquer outros, votam para os cargos eletivos na UEM. Assim, para que eles fossem estimulados (realmente estimulados!!) para participar da eleição para direção do CCH dever-se-ia reconhecer suas características próprias de alunos da modalidade EaD, por meio do voto eletrônico, o qual (insisto) já foi utilizado em várias eleições internas da UEM, inclusive para reitor e direção do CCH. Por que, então, determinar que eles devem votar PRESENCIALMENTE no campus da UEM? Alunos que moram a 30, 40, 50, 100, 200, 300, e até 500 Km de Maringá virão votar aqui? Claro que não!!

Diante de tal fato (absurdo em sua essência), podemos acreditar que acabou a discriminação da EaD na UEM? Infelizmente, friso bem, infelizmente, não!! Alguém já disse, acertadamente, que a melhor e mais apropriada forma de se praticar a igualdade, de se favorecer a isonomia, é tratar de forma diferente os diferentes, e não tratar de forma igual aqueles que não o são, pois assim só se favorece uma parte, a parte dos iguais. Continuaremos denunciando toda discriminação que nossos alunos da modalidade EaD sofrem, até porque, é a própria modalidade que se está atacando.

Ah sim, para terminar, lamento muito por aqueles que, num impulso político pragmático, festejaram, mesmo que discretamente, o alijamento ao voto que os alunos da EaD sofreram no CCH.