sábado, 15 de novembro de 2014

México









Pela quarta vez visitei o México. E pela quarta vez amei estar naquele país. A primeira vez em 1994, a segunda em 1995 a terceira e a quarta este ano. Tirando a terceira vez, em maio deste ano, quando, em função de um cálculo renal retirado três dias antes da viagem, passei a maior parte dos quatro dias com muita dor, todas as outras vezes foram extremamente agradáveis. De todas as coisas que me chamam a atenção no México, quero aqui destacar algumas.

Em primeiro lugar as pessoas. No geral, claro que com excessões (o que só confirma a regra), os mexicanos são muito atenciosos, amáveis, simples e gostam muito de nós brasileiros. Os taxistas são, para mim, um parâmetro para esta consideração, especialmente quando tocamos no assunto futebol, pois aí, sim, vemos a admiração que eles continuam tendo por nós, pela nossa seleção e, especialmente, por Pelé, que tanto os encantou em 1970 e até hoje é idolatrado.

A preservação da memória histórica é outro ponto que me chama a atenção sempre. Talvez pelo fato de que os monumentos toltecas, maias e astecas são abundantes e enormes, criando uma cultura material riquíssima, os mexicanos no geral têm noção de sua história pré-hispânica e valorizam um passado que sintetizou-se numa espécie de sincretismo cultural, o qual permite que um povo católico (talvez o mais católico do mundo) conviva com uma herança politeísta e mitológica sem negá-la. O dia dos muertos, que tive a felicidade de presenciar desta vez, é um dos maiores exemplos daquele sincretismo.  É flagrante a diferença que contatamos quando pensamos no  Brasil. O sincretismo religioso que aqui se estabeleceu foi com a cultura africana e não com a indígena, talvez pelo fato de que não há uma cultura material tão imponente como a dos astecas e suas pirâmides por exemplo.

O último aspecto que quero considerar diz respeito à consciência política daquele povo. As manifestações no Zócalo (a praça principal da Cidade do México e uma das maiores do mundo) são constantes, especialmente em relação ao desaparecimento dos 43 estudantes normalistas em 26 de setembro deste ano. A comoção e a revolta são flagrantes e mobilizam milhares de pessoas como, por exemplo, a UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) paralisou suas atividades durante três dias em protesto contra o ocorrido. Penso que tal mobilização, pelo motivo que se deu, dificilmente seria visto por nossas terras tupiniquins.

Enfim, por tudo isto e por muito mais (que ficaria muito extenso relatar aqui) é que cada vez que vou ao México fico com um gosto forte na alma de querer retornar àquela bela e amigável terra.

Uma última palavra. O evento que me levou desta vez ao México, o XV Congresso Internacional Norbert Elias, foi um dos melhores que eu participei, tanto pela qualidade dos trabalhos apresentados como pelo clima fraternal que é sua marca registrada. Obrigado a todos os organizadores e todos os participantes pelos ricos momentos acadêmicos. Como disse em minha fala final: o México, os mexicanos e os participantes do evento ficarão para sempre marcados em minha cabeça e, especialmente, em meu coração!!!


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