quinta-feira, 19 de julho de 2012

Portugal

Emoção. Talvez esta seja a palavra que melhor defina minha viagem para Portugal... Estudo a sociedade lusitana dos séculos XVI, XVII e XVIII desde 2001 e só agora tive a oportunidade de conhecer a Terrinha. De certa forma, foi como se já conhecesse muita coisa pessoalmente, de tanto ler sobre, de tanto ver imagens e de tanto acompanhar a "fala" de importantes atores históricos. Lisboa, Sintra e Coimbra me pareceram tão próximas, tão estranhamente próximas, que parece que eu, na verdade, revi muita coisa, ao invés de ver pela primeira vez...

Uma das primeira imagens foi a do Rio Tejo, tão importante para nós brasileiros como a costa baiana, pois se na segunda os portugueses aqui chegaram pela primeira vez, do primeiro eles partiram. Tentei imaginar as naus e caravelas lusitanas zarpando do Tejo para aventura por terras d'além mar, descobrindo novos lugares, novas rotas. Como estava escrito num grande mural no magnífico Portugal dos Pequenitos, em Coimbra, "E se mais mundo houvera, lá chegara"... chegaram a vários lugares, dentre eles, às terras tupiniquins. Grandes homens, grandes feitos... A Torre de Belém, no mesmo sítio, que guardava a cidade dos inimigos, é um monumento nem tão grande, mas de um significado impressionante, pois ao passarem pela Torre, logo chegavam as naus ao imenso mar oceano, que foi "domado" por homens valentes...

Respirar os ares mais frescos de Sintra foi como acompanhar a família real portuguesa subindo para o palácio no quente verão lusitano. Andar pela ruas tortuosas hoje pavimentadas com cimento me fez imaginar as pessoas, os coches, os cavalos andando pelas ruas batidas de terra ou pavimentadas por pedras irregulares. Pena que um incêndio no parque não nos possibilitou conhecer o Castelo dos Mouros...

Coimbra, ah Coimbra!! Subir as suas ladeiras para, no cume da colina, conhecer de perto a Universidade mais antiga de Portugal foi uma sensação indescritível. Um novo amigo foi feito, destes que os deuses colocam na nossa vida e se encaixam com perfeição. Valeu Mateus pela acolhida mais do que carinhosa; um maringaense que já é quase um conimbricense e, por isso, pode nos apresentar a cidade de forma muito mais serena e, ao mesmo tempo, empolgante. D. Dinis, D. João III, reis de Portugal, cujas simples estátuas parece que sussuravam ao meu ouvido... E a Portugal dos Pequenitos? Uma das coisas mais belas que vi; um sentido de preservação do passado de forma alegre, quase que infantil, mas que faz dos visitantes, a maioria de portuguesinhos, integrantes da história que sempre é viva...

E as pessoas? Tive o prazer de conversar com muitas delas, tanto em Lisboa, como em Sintra e Coimbra, pessoas do povo e, com exceções que somente confirmaram a regra, são  atenciosas, cultas (jovens e velhos) e que gostam muito de nós brasileiros. Já fazia muito sentido antes, mas agora, depois de visitar Portugal, faz um sentido muito mais especial as palavras de um dos maiores lusitanos, Fernando Pessoa:

"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu"





3 comentários:

  1. Que lindo! Entào jà tà volta à "terrona"?! Val

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  2. Através das suas palavras quase pude tocar a sua sensação. Bom saber que foi uma tão boa viagem.

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  3. Célio,
    Deve ser mesmo maravilhoso poder ver de perto os lugares que estudou...que reproduziu tantas vezes em seus pensamentos, imaginando cada detalhe. Agora você estava lá, para conferir esses detalhes e constatar se de fato eram como você os imaginou. Legal partilhar estas emoções aqui no seu blog.
    Abraços...

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