domingo, 8 de setembro de 2013

O líder e o chefe - parte 3 (última): nos relacionamentos pessoais


Estive ausente no meu blog por vários dias. O motivo foi que me dediquei a participar da criação o blog do LEIP (Laboratório de Estudos do Império Português), grupo de estudos e pesquisas que temos na UEM. Alias, aproveito para divulgar o endereço do blog: http://leip-uem.blogspot.com.br. Agora, retomo a reflexão que vinha fazendo acerca da diferença entre o líder e o chefe, pensando, por fim, nas relações pessoais.


Nos outros posts conclui que a principal diferença entre o modo chefe e o modo líder de ser na gestão e na sala de aula basicamente se refere à questão da liberdade e da autonomia. O líder procura criar um clima de liberdade e promover a autonomia daqueles que fazem parte de sua área de atuação; já o chefe cria ou instiga um ambiente de subordinação e quer que os outros lhe sejam subservientes. O líder tem desapego e o chefe tem medo de perder seu poder.

Penso que nas relações pessoais ocorre, metaforicamente, a mesma coisa. O amigo ou namorado do tipo chefe quase nunca permite que o outro tenha vida própria, tenha idéia próprias ou gosto próprio. Em nome do amor que é dedicado, este tipo não admite que o outro não lhe retribua o sentimento com a mesma intensidade. Também não admite que o outro possa ter amigos com os quais possa compartilhar a vida. O amigo/namorado chefe quer, no íntimo, que o outro passe a viver em sua função. O  sentimento característico nessa relação é o ciúme, capaz de, em certos casos, ser o motivador de uma dependência psíquica do outro, passando a se sentir como se seu dono fosse. O namorado/amigo chefe sempre acha que o outro pode traí-lo e, com isso, vive num clima de perene desconfiança e medo e, portanto, é um ser que sofre, especialmente com fantasmas criados em sua mente.

O amigo/namorado líder, por seu turno, procura se relacionar com o outro de forma igual, respeitando nele a sua personalidade, suas idéias e seus gostos. Este tipo preserva a individualidade do outro, assim como preza a sua própria, não cobrando do outro nada além do que o outro pode lhe dar. A confiança é inerente à relação para o tipo líder e, portanto, não há lugar para ciúmes doentios, pois a relação não consistirá em criar um laço de dependência recíproca. Este tipo de namorado/amigo não traveste como amor a necessidade de controlar o outro, pois amor é, fundamentalmente, liberdade. Amor, dedicação, carinho, afeto, para este tipo de relação são sentimentos que não devem gerar sofrimento e, portanto, o medo não existe e nem fantasmas são criados. A autonomia buscada na relação baseia-se na autonomia das individualidades, se os dois crescem juntos, a relação cresce igualmente.

Como eu acredito que o ser humano é social, apesar de ter certas características naturais da personalidade, o aprendizado é inerente ao seu desenvolvimento. Ser líder e deixar de ser chefe é difícil, é uma luta contra si mesmo; mas, se assim não fizermos, os outros serão, sempre, pretexto para a nosso eterno desejo de dominação...




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