Bem, creio que a história pode ser usada como uma metáfora bem interessante para nossa vida em geral. Tentarei explicar. Há pessoas que parece que têm uma habilidade natural para a liderança, seja no âmbito familiar, de amizade, de trabalho etc. Pessoas com liderança geralmente acabam desenvolvendo uma habilidade política e passam a ocupar cargos ou funções de chefia, o que é muito natural. Ocupar posições de comando representa o exercício da autoridade e, por consequência, ter os bônus e os ônus de tal situação. Pois bem, é aí que eu acho que o episódio pode nos ajudar.
Exercer o comando de algo, representa, geralmente, o comando de pessoas, representa tomar decisões as mais das vezes impessoais, representa desagradar portanto. E está aí o que de mais difícil há no exercício da autoridade, pois agradar as pessoas atendendo sempre o que elas pedem é fácil; ser respeitado pelo fato de que ninguém fica decepcionado com suas decisões é igualmente fácil; ser sempre simpático e não colocar os limites que devem ser respeitados numa relação em que um exerce algum tipo de comando sobre alguém é, de novo, fácil. O difícil é aguentar os ônus das decisões, das chamadas de atenção, de distinguir amizade e camaradagem para ter que definir as coisas de forma impessoal.
Voltando à metáfora, usar somente o lado bonzinho para exercer o comando, ter autoridade, é correr o risco de enfraquer-se na função, é correr o risco de se tornar marionete nas mãos de outros. O lado "mau" nos completa, nos faz inteiros, mesmo que, por vezes, as pessoas nos vejam como cruéis, desumanos, autoritários etc. Mas é assim que os principais líderes construíram seus comandos e foram respeitados. O comando é para gente forte, que tem coragem, inclusive, de assumir seu lado extremamente racional; claro que ser líder com humanidade, ser democrático, ser atencioso é sempre preferível (assim como o capitão Kirk o era), mas ser apenas um líder bacana e legal, isso é para fracos.
Ah (1), qualquer semelhança com o exercício da autoridade paterna, materna e docente, não é mera coincidência!!!
Ah (2), acho que cuspi para cima, pois a sensação que me ocorre é que estou distante do líder que descrevi como o mais difícil e, portanto, o melhor...
Olá Célio, descobri seu blog por acaso e esta postagem chamou minha atenção pq. estava justamente num momento em que precisava exercer minha liderança da forma mais "cruel" como vc. descreveu e infelizmente falhei pq. deixei o coração falar mais alto... e aí fiquei me perguntando se é bom ser ruim ou se é ruim ser bom... Bem, só gostaria de parabenizá-lo pelo blog e dizer que apesar de não gostar muito de "navegar" vou visitá-lo com frequência.
ResponderExcluirAbraços
Maria Bernadete