"Rio / 23 / XII / 44
À meiga e encantadora Ruth,
formosa alma de artista e apri-
morada estheta, e cujos dotes espi-
rituais e physicos tão grande
encantamento determinaram em
mim, que a ella me sinto preso
como o ferro ao iman, offereço
esta lembrança, modesta no
que concerne a apparencia,
grandiosa porém no que de
humano encerra whenzwei
sich lieben: o sublime amôr
de duas almas de escól, cujos
corpos, mesmo inanimados conti-
nuaram unidos no mesmo ataú-
de por unica e especial concessão.
É a historia de Abelardo, theólogo
e philosopho francez, que a sua
paixão por Heloisa e os seus infor-
tunios tornaram celebre.
Com eterna amizade e profunda
admiração:
Edward"
"Rute.
Rendeira de ternura a
[lua cheia,
ùnicamente para o nosso
amor.
Tive receio de dizer-lhe
[tudo,
e busquei no silêncio o
[meu escudo.
São Paulo, 17-7-64
Fernandes"
Não sei se é a mesma mulher, pois a grafia é diferente. Os autores dos escritos são outros. Tenho a impressão de que não sou o segundo dono do livro, devo ser ao menos o terceiro. Mas confesso aqui que gostaria muito de ter conhecido a Ruth, a outra Rute (se forem realmente pessoas diferentes), o Edward (especialmente ele, dono de tão belas palavras) e Fernandes. O livro é uma raridade, mas o que é mesmo raro se pensarmos em nossos dias são as poesias, cheias de beleza e sensibilidade, de Edward e Fernandes...
Belos textos!
ResponderExcluir"[...] que a ela me sinto preso como ferro ao iman." "[...] e busquei no silêncio o meu escudo." Realmente, ao ler sentimos o amor presente nessas vidas. Pelo que tudo indica os donos dessa relíquia que você possui são autores de histórias de um profundo amor impossível... Conheci em 2012 o túmulo onde estão enterrados os restos mortais de Abelardo e Heloísa, no Cemitério du Père Lachaise em Paris. O clima de tristeza presente, diante das esculturas no mausoléu dessas duas almas eternamente ligadas, é muito intenso no local. Enfim, bendito seja aqueles que em vida amam com paixão, mesmo que o sofrimento faça parte do fim da história! Cuide de sua relíquia. Abraços, Jani Moreira
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