quinta-feira, 17 de abril de 2014

Disney


Conheci a Disney World. Chegamos ontem (15/04) de lá, onde ficamos 10 dias com uma parada em Miami. Realizamos um sonho da Sofia, que já pedia esta viagem há alguns anos. Já conhecia os Estados Unidos, onde estive em 1998, numa região próxima de Chicago. Retornar para lá, especialmente conhecendo a Disney me estimulou algumas reflexões.

Todos sabemos que o EUA é um país capitalista, a pátria do liberalismo burguês. A Disney, por exemplo, é uma verdadeira indústria do entretenimento. Creio que não é exagero afirmar que por ano são dezenas de bilhões de dólares que giram por lá, pois são mais de 40 milhões de pessoas de todo o mundo que visitam os seus parques. No entanto, é preciso reconhecer, se trata de uma indústria que deu muito certo. Tudo, absolutamente tudo, funciona perfeitamente, desde a entrada, os banheiros, as lanchonetes/restaurantes, o pessoal que atende os visitantes e, especialmente, as atrações e os brinquedos, os quais são extremamente bem feitos, com alta tecnologia, com segurança, com sensibilidade e, é claro, com emoção; todos os lugares, em todos os parques, são limpos; as atrações e brinquedos ocorrem nos horários previstos ou antes, raramente depois; enfim, aos olhos tupiniquins como os meus, realmente tudo impressionou positivamente. Além dos parques, os hotéis, os ônibus, as ruas e avenidas também impressionam pela limpeza e pela educação das pessoas. No entanto, tudo é regido pela cultura do fast-food, pois as coisas são feitas para não se perder muito tempo mesmo, e, desta forma, a quantidade de calorias que se ingere day-by-day é, também, impressionante, pois o que mais se come são os sanduíches tipo Mac Donald's, batatas fritas e muito refrigerante. É preciso consumir de tudo o que o parque oferece e sem perder tempo!! Ficamos 7 dias na Disney e talvez fosse necessário o dobro de tempo para se conhecer tudo o que é oferecido.

Mas, de tudo o que vi o que impressiona mesmo é o pacto social que os americanos fizeram em sua história. O liberalismo e o individualismo são preservados como cláusula pétrea, o que acarreta algo difícil para nós brasileiros que é um distanciamento emocional e afetivo entre as pessoas. No entanto, a preservação do espaço público, traduzidos na limpeza, na educação, nos inúmeros sorry que escutei, é algo realmente invejável. O respeito no trânsito, o respeito pelas filas, o respeito pelos nãos (nos brinquedos para crianças pequenas; para se fumar em lugar não permitido mesmo ao ar livre etc.), é algo que me tocou, pois são valores sociais que preservam as individualidades e garantem uma forma isonômica de tratamento. São valores que sonho (se bem que cada vez com mais pessimismo de ver realizados) para a nossa sociedade brasileira. Acho que ainda precisamos de uma verdadeira revolução republicana por estas terras aqui.

Claro que os EUA têm problemas (Miami é um exemplo de excessão em muitas coisas do pacto social), claro que eles têm uma política imperialista e dominadora, impondo ao mundo uma cultura consumista etc. Mas, não se pode fechar os olhos para aquilo que denuncia nossa precariedade social. Eles conseguiram. Será que nós um dia conseguiremos fazer nosso pacto social de realmente sermos e nos tratarmos como cidadãos em nossos espaços públicos de convivência??


7 comentários:

  1. Oi Célio, muito pertinente suas reflexões. No tocante as questões da convivência social, do qual vc denomina pacto social, acho que estamos a cada dia dando um passo atrás. Em todos os lugares o que vemos é o desrespeito pelo outro, nas ruas, no trânsito, nas filas, nos lugares impróprios para fumar...Seja qual for o ambiente, parece que tem prevalecido é a vontade individual. Quanto a Disney, apesar de estar inserido em uma sociedade com um claro pacto social positivo é uma indústria muitíssimo bem estruturada, para entreter, atender com qualidade, para causar este impacto positivo mesmo, enfim uma empresa COMPETENTE aos moldes do que o capitalismo deve ser. Espero que daqui alguns anos vc nos escreva dizendo sobre a(s) viagem(ns) que proporcionará à Sofia, para países que enfoquem uma vida numa perspectiva mais cultural humanista, que prese comidas menos fast food,etc enfim ela terá tempo para ter contato com várias experiências que mostre a diversidade que o mundo é composto, podendo assim construir um mundo bem próprio. Parabéns a vocês pela importante experiência e, sobretudo, por estar ao lado da Sofia sempre. Abç. Meire Calegari

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  2. Independente das reflexões filosóficas, aliás muito pertinente, é uma sensação muito boa vc poder realizar o sonho de uma criança, ainda mais sendo essa criança filha. Parabéns ao casal, Célio e Maria Luisa. Tita Marcolino

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  3. Célio, sou antiimperialista, como vc sabe. Mas já admiti há muito a perfeição que ronda a Disney. E já te disse isso muitas vezes. Até hoje não consegui apontar uma falha, uma imperfeição, um senão sequer em toda aquela gigantesca e aprazível estrutura. E olha que já se foram 18 anos. Bacana! Fiquei felicíssimo por vcs.

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  4. Já estivemos 2 vezes na Disney e mais outras vezes em várias cidades americanas. Concordo com todas as suas colocações e sempre que retorno eu me pergunto porque não utilizamos pelo menos as tecnologias que eles utilizam para facilitar o vai e vem das pessoas. Aqui ainda construimos pontes de forma manual...leva-se um tempo enorme para finalizar estas melhorias pois ainda trabalhamos de forma muito artesanal..o que não traz satisfação para ninguém, muito menos para aquele que trabalhado que fica meses a fio, sob sol e chuva....

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  5. Parabéns Célio pelo seu passeio muito proveitoso. Passei por lá há 19 anos, durante 25 dias na casa dos parentes, e, até hoje ainda me impressiona a organização daquele País. Tenho mantido apenas contatos com um parente que mora lá há quase 30 anos e nem falam em voltar. Não tive mais condições de viajar para lá, razões óbvias. Ainda sonho em poder viajar pelo USA por algum tempo. Mas quando voltamos, para mim a depressão aumenta e ter consciência que nunca seremos próximos em termos de organização. Darcy Ribeiro, em um artigo extinto pelas "esquerdas" retrógradas, com título "o óbvio", ainda consegue explicar algumas das razões desse nosso atraso.

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    1. #depressao é esto que sinto quando comparo Brasil com EUA :/

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  6. Eu entendo bem o que voce sentiu, já morei nos estados unidos e coincidentemente esta semana estava falando para alguns amigos sobre a educação e respeito que existe em todos os lugares públicos ou nao nos EUA. Sinto falta disto e acho que quem sabe em 500 anos conseguiremos chegar perto disto... Cada dia que saio nas ruas aqui no Brasil - Paraná - Maringá... sinto mais e mais tristeza de ver a falta de educação e desrespeito de todos os tipos. Só me dá vontade de ir embora... Quando cheguei nos EUA há 3 atras num programa da universidade de Minnesota, eu defendia muito o Brasil, após eu voltar para a terrinha, fiquei muito crítica em ver os absurdos do dia-dia... e penso que eu era cega quando defendia e dizia aos meus colegas q o Brasil era maravilhosoisso! Nao sonho em ter meus filhos aqui!!! Triste isso .... eu tenho 27 anos, recem casada, e só vejo delinguencia nas ruas,,, principalmente dos jovens, no transito, com seus carros rebaixados e com o som tao alto que tremem as construcoes e abalam o nosso intelectual... principalmente pela riqueza e conteudo das letras... isso é apenas umas das mais simples falta de respeito que se vê no dia dia... dava para escrever um livro de lamentações... #disgusting

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