sábado, 9 de fevereiro de 2013

Zé Maria

Conheci José Maria de Paiva em 1999 em uma visita ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Unimep, em Piracicaba, e no ano seguinte eu me tornei seu orientando no doutorado. Passei na seleção com um projeto que pretendia pesquisar a Escolástica e acabei fazendo uma tese sobre a atuação dos jesuítas, no século XVI, no Império Português. O tema me foi sugerido pelo Zé Maria, que pretendia, dessa forma, criar um grupo de pesquisa sobre a formação cultura, histórica e educacional do Brasil, no período colonial (o que de fato aconteceu). Mas, não é sobre meu doutorado que escrevo aqui, e sim sobre aquele que mesmo depois do curso, se tornou meu grande amigo.

Desconheço alguma pessoa que tenha conhecido o Zé Maria e não tenha gostado dele. Mesmo aqueles que discordam da sua teoria, passam a respeitá-lo e apreciar sua companhia. Ele é assim, uma pessoa de fácil trato, simples no seu jeito de viver, mas profundo em todas as suas relações. É uma mente que está sempre em ebulição, nunca se contenta com as conclusões a que chega em suas pesquisas; cada artigo ou livro, mais do que um ponto de chegada, é um ponto de partida para novos incômodos e novas reflexões.

Mas o que mais me fascina no Zé Maria é a forma como ele compreende o processo histórico de formação da sociedade moderna. Ele sempre insiste que mais do que conceitos, o que devemos procurar entender é a forma como os homens vivem e, como seres viventes, como eles organizam suas vidas. Mais do que entender o que a historiografia produziu  para definir certos momentos da história (como Humanismo, Renascimento, Absolutismo etc), o que realmente importa é como os homens se relacionavam e as opções feitas que resultaram numa determinada forma de organização social. E, mais do que isto, ele entende que a cultura é a forma que a sociedade assume, incluindo, aí, todos os aspectos da vida.

A sua erudição é algo evidente por si só; mas não é uma erudição vazia, enciclopédica, mas algo que revela um profundo conhecimento das letras, das teorias e dos autores que fizeram e fazem parte do seu arcabouço teórico. A sua evidente maturidade e autonomia no trato das questões teóricas faz com que ele (como me falou algumas vezes) tome a crítica como primeira reação ao ler qualquer autor. A discordância é a base do diálogo, como sempre ele afirma; é no encontro de perspectivas distintas que pode fazer uma síntese e se aprender de fato com o que os outros escrevem.

Já são quase quatorze anos que tenho o privilégio da companhia do Zé Maria. Uma pessoa com a qual se aprende teoria, mas se aprende também sobre a vida. Aliás, vida e teoria não são duas coisas separadas para o Zé Maria, nem na história do passado e muito menos na do presente. Con-viver com ele é ter a oportunidade de aprender e, dessa forma, de se tornar melhor do que somos. Tenho este privilégio; tenho a sua confiança e seu carinho. Parte do que sou hoje devo, sem dúvida, ao meu amigo Zé Maria!! Espero que tenhamos muitas bancas, reuniões, palestras, enfim, muito trabalho pela frente...


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