sábado, 23 de maio de 2015

Super-heróis e super-vilões


Está voltando à moda os filmes de super-heróis, agora reunidos como Os Vingadores. Há algum tempo venho refletindo sobre este tipo de filme e o que encanta em nós vermos personagens com poderes especiais que assumem a tarefa de serem os defensores da humanidade. É claro que o aspecto do fantástico, do impensado, aliado, hoje, com recursos tecnológicos surpreendentes, faz deste gênero de filme deixar os espectadores boquiabertos. Eu, como fã do gênero ficção científica, adoro os filmes de super-heróis, desde, aliás, os primeiros episódios de Superman; aliás, para ser justo, desde os super-heróis japoneses como Ultraman e Ultraseven. No entanto, apesar de tudo isto, tem dois aspectos que chamam a atenção nestes filmes: a existência do super-vilão e a desconsideração pela vida humana.

Os filmes de super-heróis têm um esquema psicológico baseado na moral maniqueísta, potencializada, é claro, como um super-bem tendo o seu contraponto no super-mal, ou seja, para cada super-herói existe o super-vilão. O superman tinha o seu rival Lex Lutor; o Batman tinha o Pinguim, o Charada; o Homem-Aranha tinha o Duende Verde, o Dr. Octopus; Os Vingadores têm Loki, Ultron; os X-Man têm cada um o seu rival adequado. Enfim, cada super-bom tem o seu super-mau, que protagonizam lutas épicas, nas quais, geralmente, o futuro da humanidade e do planeta Terra está em risco. Assim, o problema de querer ter um super-herói para nos defender é que, com ele, vem sempre um ser malvado que também é super, que também tem poderes extraordinários, e que portanto, potencializa ainda mais a nossa fragilidade humana.

A existência do super-vilão, como contraponto necessário do super-herói, acarreta um complicador a mais mostrado nos filmes: a desconsideração da vida humana. Em várias super-batalhas prédios são destruídos, carros são amassados e jogados longe, pontes são pulverizadas, florestas são queimadas... e eu sempre me pergunto: não têm pessoas nos prédios, nos carros, nas florestas? Claro que sim, mas a vida humana não conta nestes filmes, nem se faz estatísticas de quantos simples mortais, como nós, perderam sua vida em meio à luta dos super; o que importa é que, mesmo com toda a destruição e, sub-repticiamente com todas as mortes, o super-herói venceu e nos livrou do grande mal que ameaçava toda a humanidade, pois, ainda sub-repticiamente, o que são as vidas perdidas em uma cidade (normalmente populosa) quando o que o super conseguiu foi salvar a humanidade com um todo?

Enfim, ainda bem que super-heróis só existem mesmo nos gibis, nas telas dos cinemas e na televisão, pois seria uma verdadeira desgraça se eles, de fato, fossem reais, pois aí teríamos que conviver, também, com os super-vilões, deixando no ar um sentimento de fragilidade da vida humana e de dependência do extraordinário para vivermos, e que, fatalmente, abriríamos mão de nossa liberdade para que novos e modernos leviatãs nos conduzissem como seres incapazes de, por nossas próprias mãos, fazermos nossa história.

Como nossos super-heróis e nossos super-vilões só existem num mundo mágico, numa esfera mítica, que eles continuem suas super-lutas, nos emocionando e nos fazendo torcer para que, pelo menos lá, o bem sempre vença o mal... custe o que custar!!




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