sábado, 17 de março de 2012

Pós-modernidade (2)

Na verdade, eu nem acredito neste conceito de pós-modernidade, pois me parece que a modernidade ainda não se esgotou, pois o que temos hoje é, em grande parte, resultado do que a sociedade foi produzindo ao longo dos últimos séculos. Da mesma forma, tenho dificuldade em entender o conceito de neo-liberalismo, pois, de certa forma, desde que a sociedade é capitalista ela tem como seu corolário ideológico e político o liberalismo.
Mas, o fato é que os dias atuais parecem ser realmente diferentes do que já foi visto na história. Como todas as épocas de grande crise, há coisas brilhantes e coisas complicadas. Como já escrevi em outro post, acho que o mais interessante hoje em dia é o fato de que as desigualdades e os preconceitos estão realmente diminuindo; e isso é muito bom!! A hegemonia de raça, credo, sexo, emoção se baseou sempre num respaldo social e cultural que desvalorizava pessoas segundo sua condição. Hoje, a luta pela hegemonia está pelo menos mais aberta; e isso também é muito bom!!
Mas, não se pode fechar os olhos para a realidade, que é sempre mais imperfeita. O mundo da existência, do individualismo exacerbado, impulsionado pela necessidade de suprir carências que (intencional e desgraçadamente) sempre se renovam,  dão a impressão de que uma das marcas registradas do mundo atual é a solidão. O sentir-se só, sentir-se isolado, encapsulado em seu mundinho, se revela de várias maneiras. Dentre elas gosto de refletir sobre a antropomorfização dos cachorros.
Me parece que não é à toa e que nem é resultado de uma pretensa mudança no "coração" humano que os cachorros hoje são tratados como se humanos fossem. Quem lembra da época dos vira-latas e das poucas raças que existiam e da forma como eram tratados sabe que realmente as coisas mudaram e muito. Hoje as raças se multiplicaram e o tratamento que eles têm inclui ração (nada mais de restos de comida das pessoas), shampoo especial, frauda, absorvente, psicólogo etc.; mas, a verdadeira indústria que foi criada (uma das mais lucrativas e que mais cresce) é resultado, penso eu, da humanização dos cachorros, e com uma vantagem, os animais só demonstram carinho, têm uma lógica linear e estão sempre sob nosso comando. Será que não tem nenhum significado social profundo o fato de que os cachorros substituem amigos, filhos e parentes?? Penso que sim... penso que é a expressão da profunda solidão humana. Quando as relações humanas estão por um fio, quando não se quer mais a responsabilidade pelo outro, quando as relações são superficiais e efêmeras, quando o outro nunca me é suficiente para aplacar minhas carências, nada melhor do que trocá-lo por um ser que não é mais animal e, não tendo os mesmos "defeitos" humanos, é como se fosse uma pessoa mais perfeita.
Mesmo na companhia dos nossos amados cachorrinhos, e até por causa do que fizemos com eles, partilhamos de uma profunda solidão humana. E se o exemplo aqui mostrado não é suficiente, vamos pensar, com calma e um pouco de distância, no que é o facebook e porque ele cresce tanto...

3 comentários:

  1. Prefiro usar o termo criatividade ou criatividade destrutiva!

    ResponderExcluir
  2. Alguns paradoxos. Liberal e neo liberal sao 2 coisas bem distintas. Keynes poderia ser chamado de liberal, ele nao era, e o Milton Friedman, neo liberal. Neo liberails seriam os anarquistas x socialistas. Se confundem no imaginario leigo, porem bem diferente. Moderno e pos moderno vejo mais como uma limitante do espaco temporal momentaneo. Um renascentista em seu tempo seria um pos moderno. Osvalld de Andrade um koderno que na epoca seria um pos moderno. De qualquer forma o tema sao os cachorrinhos x a solidao. Mas o gancho eh bom para o tema bem estar animal. O cachorrinho eh o escape para que as pessoas diminuam sua culpa aos animais de producao em massa. Aquilo que rra esquerda e direita do meu tempo, ou o pos koderno x moderno e o liberlismo x o neo....eh a questao ambiental para a juventude de hj. Ai entra o be, estar animal. Por galinhas, frangos, bois, porcos tratados decentemente como tratamos cachorrinhos e filhinhos. Abs!

    ResponderExcluir