
Me agradecimento aos que foram e são meus orientandos, agradecimento pela confiança. E que venham novos alunos interessados em aprofundar seus conhecimentos, pois estes jamais serão desamparados!!!
Refletir sobre essas coisas é refletir, obviamente, sobre a nossa realidade que alguns dizem ser cada vez mais pós-moderna. E, de início, quero tentar evitar o que é muito comum quando alguém de uma geração passada, como eu, quer avaliar algo que tem muito a ver com a geração atual: achar que o mundo está perdido... Até porque, o comportamento dito pós-moderno está se reificando em parcelas da minha geração também.
Bem, porque as pessoas estão cada vez mais preocupadas com o seu bem-estar individual, chegando a neuroses como as descritas acima? Creio que vivemos uma época em que a existência precede a essência, ou seja, viver (de preferência intensamente) é mais valorizado do que pensar sobre a essência das coisas. Por isso é que a discussão em torno da existência ou não de Deus é coisa que parece bem de antigamente. Mas o que é ou o que impulsiona a época da existência? Individualismo, prazer, preocupação com a saúde, preocupação com a aparência, vacuidade, efemeridade, negação de qualquer tipo simbólico de luto... Enfim, as relações, com pessoas ou coisas, se formam e desaparecem de forma rápida, quase indolor. A substituição das coisas ou pessoas é rápida. A dependência de coisas ou pessoas quase inexiste. Hoje, por exemplo, existem tantas dietas que já nem é possível contá-las com os dedos das mãos e dos pés, e as pessoas vivem passando de uma para outra. A utopia agora é a busca da eterna juventude e da vida longa e saudável.
Não há mais lugares para as velhas utopias: nem políticas, nem sociais, nem econômicas e nem amorosas. O que chama a atenção é que, de forma geral, as pessoas estão tão incrustadas em seus casulos, sejam emocionais, profissionais e relacionais, que qualquer preocupação com o coletivo desaparece. Não chama a atenção o fato de pessoas se preocuparem com quantos grãos o pão integral é feito e não se preocuparem com o fato de que existem milhões de pessoas que não tem qualquer tipo de pão para comer?? Não é alarmante o fato de que em Maringá, por exemplo, não haja uma preocupação coletiva, especialmente por parte dos jovens, com o futuro da cidade em termos de convivência urbana saudável?
Vivemos uma época fantástica, em que muitas coisas foram revistas, por exemplo no que diz respeito ao papel da mulher na sociedade, elas que deixaram de ser coadjuvantes tanto em termos profissionais como emocionais. No entanto, o que preocupa muito no atual estado das coisas é que parece que o que liga as pessoas às outras e às coisas é a contínua insatisfação. A sociedade produziu mecanismos, talvez inéditos, de criar carências que são supridas pelo mercado, mas que uma vez supridas, voltam a se tornar carências com a inovação tecnológica rápida. Penso que esta lógica afetou, mais profundamente do que na aparência, as relações humanas também....